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.she lives in a fairy tale

.conto
baseado na música brick by boring brick

Ela havia criado um mundo irreal, sabendo que o mundo real era trágico. Ela vivia de um modo diferente, e tudo se baseava em um simples diário, na verdade já era o quadragésimo terceiro dela.

Era de certa forma simples, tudo o que acontecia era escrito na mesma noite de forma distorcida. Porém o pior, era que ela não percebia que na verdade as coisas reais eram boas, de certa maneira. E pior ainda, ela apenas se lembrava do irreal, e não do real.

Poderíamos chamá-la de tola, porém também queríamos esquecer a realidade e viver o irreal.

Um dia aconteceu algo inesperado, por esquecimento, deixou seu diário em cima da cadeira. Por mais irreal que parecesse, o menino que em seu livro era seu principe, o achou. Ele o levou para casa, começando a ler. Já sabia quem era a escritora pela forma fantasiosa.

No dia seguinte, ele já estava apaixonado por ela, não sabia como, mas não conseguia sequer parar de pensar nela. Ele a esperou entrar na portaria do colégio. Quando ela passou, estava chorando, como se algo ruim, muito ruim, tivesse acontecido. Ele ficou paralizado.

Na sala de aula, ela estava com outro caderno, no mesmo estilo do roubado pelo garoto. Ela escrevia enquanto muitas lágrimas rolavam. Ele se sentia culpado, apesar de não saber realmente o motivo da tristeza dela. No intervalo ele foi até a bolsa da garota e abriu o caderno na primeira página.

Eu sei que parece tolo, mas a bruxa má destruiu meu mundo. Não sei como, mas ela me fez esquecê-lo, e eu tento me lembrar de tudo, mas não consigo. Meu pai anda preocupado, não sabe o que fazer para me devolver o que há de mais precioso. Minha mãe apenas dorme, com sua doença maligna que irá a matar. Eu queria poder fazer alguma coisa, mas não sei o que. Não me lembro o que faria, na vida passada. Sim, acho que agora é uma nova vida. E agora também existe um novo principe.

O garoto parou de ler ali. Olhou para os lados, a maioria dos garotos da sala estavam ali fazendo palhaçadas, ele pensou qual seria. Não sabia o que fazer, então abriu sua própria mochila e retirou o caderno roubado. O trocou com o caderno novo da garota. Antes de sair, apenas escreveu na última página escrita pela garota.

O príncipe não sabia como, mas sabia que também amava a garota.

A garota ao ver o caderno voltar, se mostrou surpresa. Encarou a todos da sala, e por azar o garoto a estava olhando. Ela ficou vermelha, colocou o caderno na bolsa e então permaneceu em silêncio. Após dois horários, ela teve coragem de abrir o caderno. Conferiu página por página, mordendo seu lábio e voltando a "se lembrar". Quando finalmente leu o que o garoto havia escrevido, se virou para ele. Ele sorria para ela, ela empalideceu. Não sabia o que fazer, era tudo fantasioso, mas ele... Bem, ela tinha que dar um jeito de resolver aquilo, o real machucava, agredia. Ela preferia ser feliz apenas no seu mundo fantasioso, aonde a bruxa má poderia ser vencida.

No final da aula, ele veio direramente até ela, conversando sobre o caderno. Ele disse que não havia parado de pensar nela. A garota tentou falar, mas não conseguia. Ele a chamou para ir no cinema, ela não respondeu e então o garoto falou que consideraria aquilo como um sim. Pegou o endereço dela, quando ela finalmente pode falar.

A noite, quando o garoto entrava na rua da menina, percebeu que a classe dali não era lá muito alta. Quando finalmente encontrou o número da casa dela, era na verdade um casebre de madeira, quase destruído. Ele sentiu remorso, e então bateu na porta já que não havia campainha.

A menina abriu a porta após alguns segundos, segurando um bebê. Ela apenas disse para esperar, atravessou a porta e deixou o bebê na casa da vizinha. Ele não pode escutar o que ela falava.

Quando ele voltou, ele perguntou se era ali que ela vivia. Os olhos dela lacrimejavam.

- Na verdade sim. Meus pais morreram a mais de dois anos, minha guarda foi para meu tio que na verdade não se importa comigo. Estou morando aqui desde então, a pensão que recebo do governo me ajuda a sobreviver... - Ela parava de falar enquanto sua voz ia morrendo.

Ele a abraçou, não sabendo o que falar. Ele a levou ao cinema, fazendo questão de pagar tudo, e ela disse que não se sentia a vontade com aquilo. Quanto mais tempo passavam juntos, mais ela falava. Ele já estava extremamente apaixonado agora. Ela já o amava a anos.

Quando ele a levou de volta para casa, a beijou. Ela nem sequer tentou fugir, estava esperando aquilo.

Quando ele fora embora, queimou todos os livros que havia escrevido. Começou outro.

Agora o irreal, é ruim comparado com o real.

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